Sur - Revista Internacional de Direitos Humanos
Futuros possíveis: Existe um novo normal?
A Conectas Direitos Humanos abre convocatória – com preferência pelas vozes do Sul Global – para a 32ª edição da Sur – Revista Internacional de Direitos Humanos, a ser publicada em dezembro de 2022.
A edição se concentra na compreensão do cenário que a atual conjuntura geopolítica traz à promoção e defesa de direitos humanos e às organizações em suas diversas formas de atuação na área. Um cenário de acirramento de uma crise econômica, migratória e climática; de importantes mobilizações feministas e antirracistas globais, por um lado, e da ação de movimentos ultraconservadores, de outro; de processos de ruptura democrática influenciados por campanhas de desinformação e discursos de ódio em diferentes partes do mundo; e, mais recentemente, de um confronto bélico emergente com a guerra na Ucrânia, que evidenciou mudanças significativas na configuração do poder mundial.
Organizações de direitos humanos enfrentam os desafios decorrentes deste panorama (pós) pandêmico de tensão política, incerteza econômica e paradigmas de poder cambiantes. É sobre tais desafios, seus limites e possibilidades, assim como as diversas formas em que futuros possíveis são imaginados e construídos, principalmente no Sul Global, que esta edição almeja se debruçar.
Assim, é do nosso interesse o debate aprofundado e crítico em relação aos seguintes subtemas:
1. Novas configurações de poder global: A extrema direita continua sendo um enorme desafio para a sociedade civil no mundo,11. Benjamin R. Teitelbaum, War for Eternity: Inside Bannon’s Far-Right Circle of Global Power Brokers (Nova York: Dey Street Books, 2020); Camil Ungureanu e Alexandra Popartan, "La revolución conservadora y la transformación del estado de derecho". CIDOB, 2019, acesso em 31 de agosto de 2022, https://www.cidob.org/es/articulos/cidob_report/n1_3/la_revolucion_conservadora_y_la_transformacion_del_estado_de_derecho. e a despeito das reações e atuação do movimento de direitos humanos, os casos de retrocessos, especificamente na pauta de direitos sexuais e reprodutivos e direitos LGBTI+ são crescentes. Governos autoritários vêm desmantelando direitos e perseguindo minorias enquanto atacam as instituições democráticas. Por outro lado, a pandemia de Covid-19 evidenciou as desigualdades globais diante da assimetria de acesso a vacinas entre países e continentes, assim como a necessidade de um Estado capaz de responder a crises e de implementar políticas de bem-estar social.
Novas dinâmicas de poder têm surgido num contexto global que, com a guerra da Ucrânia como fenômeno potencializador, expõe um antagonismo crescente entre a Rússia e a China, de um lado, e os Estados Unidos e a União Europeia, de outro. Além do reconhecimento de uma multipolaridade emergente, estão os desafios próprios deste novo espaço de convivência entre poderes e valores divergentes.
Diante desse panorama, gostaríamos de receber reflexões que busquem responder ou dialogar com as seguintes perguntas:
2. Desafios estruturais para as ONGs: Novos modelos de trabalho adaptados ao contexto global atual, iniciativas para enfrentar as próprias desigualdades, políticas antirracistas, mecanismos para enfrentar qualquer forma de discriminação e assédio, assim como novos modelos para organização em termos de hierarquia e estrutura, foram preocupações centrais, potencializadas no contexto de (pós) pandemia, para organizações de direitos humanos ao redor do mundo.
O reconhecimento destes desafios é um passo importante para (i) compreender os impactos internos de um cenário de mudança e incertezas; (ii) conhecer e analisar os processos e/ou mecanismos que organizações usaram para responder à crise e se reestruturar (quando possível); e (iii) instigar a reflexão sobre a possibilidade de construção de processos institucionais e interinstitucionais de bem-estar e cooperação. Algumas perguntas que nos interessam nesse debate:
3. Tecnologias, desinformação e processos democráticos: A guerra pela informação é, sem dúvida, uma questão que define o nosso tempo. Agressivas campanhas de fake news contribuíram em grande escala na promoção de informação falsa ou enganosa sobre a Covid-19 e a pouca adesão ao cronograma de vacinas em diferentes países. Da mesma forma, processos eleitorais ao redor do mundo têm sido fortemente influenciados por um uso questionável de redes sociais e meios digitais. A contaminação do ecossistema informativo acontece em diferentes níveis, e seu enfrentamento tem se tornado tarefa urgente da agenda democrática de direitos humanos. Em relação a este tema, nos interessa responder algumas das seguintes perguntas:
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O prazo final para envio de contribuições é 02 de outubro de 2022.